Sérgio Gomes - Primeiro Maestro do Diante do Trono
Eu nasci numa família de músicos, minha vó era violinista e meu avô era mestre de banda no interior de Minas Gerais e meu pai era clarinetista da banda. Ainda muito jovem meu pai mudou-se para o Rio de Janeiro onde desenvolveu sua formação musical tendo o Oboé como instrumento principal. Em 1966 já em Brasília meu pai tornou-se mestre de banda da Policia Militar do DF e professor da escola de música. Ao vê-lo tocar no quinteto de sopros da universidade que ensaiava em minha casa, um instrumento despertou meu interesse: a trompa.
Aos dez anos de idade eu comecei a estudar a trompa, eu me lembro que meu pai fazia questão que ela ficasse exposta na sala de nossa casa e toda vez que recebíamos visitas, eu tinha que tocar para elas. Eu não gostava muito disso, mas fez parte do meu aprendizado. Aos dezesseis anos fiz um teste para tocar na orquestra de Campinas, em São Paulo e, para minha surpresa, fui aprovado para ser a primeira trompa, chefe de naipe. Então, embora muito novo, me mudei sozinho para lá.
Em Campinas desenvolvi um intenso trabalho como trompista solista que me possibilitou a oportunidade de tocar em orquestras pelo Brasil inteiro. Em uma dessas viagens a Belo Horizonte, conheci o regente de coro Robson Carlos que me trouxe para uma visita a Igreja Batista da Lagoinha, na mesma oportunidade fui convidado a tocar na Orquestra Sinfônica de Minas, então resolvi ficar, na Sinfônica de Minas Gerais e na Igreja Batista de Lagoinha. Aqui conheci minha esposa e me casei. Formei-me trompista na UFMG e professor da UEMG. Logo que entrei para Igreja fui ser ministro de louvor, montamos uma orquestra e dali surgiu o Grupo El Shamah Coro e orquestra e em seguida o Ministério Diante do Trono. Éramos um grupo com uma proposta musical bem diferente, havia uma orquestra inteira, muito sons de instrumentos de sopros, era tudo novo no cenário da música gospel, naquele momento.
Logo o Diante do Trono foi crescendo, viajávamos muito, um grupo de mais ou menos 32 músicos. Às vezes era difícil de conciliar as viagens, pois a maioria dos músicos só podia tocar nos finais de semana. Fiquei de 1998 até 2010 no grupo, hoje o formato é diferente, não tem mais a orquestra, até em função da mobilidade, viajar com 32 pessoas, fora o equipamento, você imagina o trabalho que dá. Mas o Ministério continua crescendo e está cada dia mais abençoado.
O Pastor Márcio Valadão tinha em seu coração o desejo de formar novamente uma grande orquestra, na Igreja. Então havia uma antiga fábrica de tecidos, que estava desativada, bem próxima ao templo da Lagoinha. Hoje, neste local, está sendo construída a Fábrica de Artes. Uma escola que engloba não apenas o ensino da música, mas também o da dança, do teatro e das artes plásticas. Atualmente estamos com menos de 1/3 do espaço funcionando e nosso objetivo maior é formar os músicos que futuramente irão compor a nova orquestra da Igreja. Nossa estrutura irá contar com um teatro, salas para práticas de coro, sopros, cordas, teclas, percussão, teatro e artes plásticas. Todos os ambientes são climatizados e possuem tratamento acústico adequado. Uma estrutura que quando terminada, acredito eu, não haverá nada semelhante no país.
Hoje estou à frente deste novo trabalho e, embora estejamos com uma pequena parte da escola pronta, já estamos funcionando. Temos aproximadamente 250 alunos de diversas faixas etárias. Já temos um grupo de 42 crianças nas aulas de cordas (Violino, Viola, Cello e Contrabaixo). Inclusive desde a primeira aula elas aprendem a se portar como em uma orquestra. É muito interessante ver a professora dar o comando e vê-las se levantarem e ficarem na postura correta, mesmo ainda não sabendo tocar nada!
O trabalho da escola não é filantrópico, mas temos planos para, no futuro, criarmos projetos com auxílio de Leis de incentivo a cultura e parcerias junto à Fundação Oásis, da Igreja. Nosso principal alvo agora é estruturar bem a escola, para que seja um projeto sólido e duradouro. Nossos professores são todos formados, alguns são mestres e todos possuem vasta experiência na área.
E com muita fé em Deus e determinação, alcançaremos nossos sonhos. A música é uma benção em nossas vidas, é provado cientificamente que ela traz um crescimento intelectual muito grande. Quem estuda música consegue raciocinar de uma forma diferente, além disso a pessoa desenvolve e aprimora a capacidade de concentração que, geralmente, é despertado em nosso cérebro através de atividades artísticas, sem contar o lado da socialização. Enfim, existem diversas explicações, até mais técnicas, sobre os benefícios que a música traz para a vida das pessoas, mas o que importa realmente é saber que é bom e que faz muito bem!